domingo, 24 de julho de 2011

Mãe, (...). Nossos desencontros

A filosofia espírita explica os laços de família como a união de espíritos afins, que se procuram pela afeição, e a união familiar entre espíritos estranhos e pouco afetuosos. Essas encarnações possuem a dupla finalidade de servirem de provas e progresso.

Mãe, tivemos muitos desencontros nessa encarnação. Talvez eu não consegui me mostrar para você.
Busquei você em todas as pessoas, somente hoje tenho consciência disso.  Fui prisioneira de mim mesma  e demorei muito tempo para perceber que você ainda necessitava ser "filha" e não podia me dar o que ainda não tinha.

O que nasce terá de morrer, tal é a natureza das coisas. Sendo assim, todos os sentimentos conflituosos,  que, um dia, brotaram dentro de mim, se foram. Uma pessoa muito especial ( quando ele ler saberá que estou falando dele) me fez dar os primeiros passos rumo ao despertar e me libertar de mim mesma. "Saudações Humanas" a essa pessoa tão especial!!!

Dedico a você Mãe, essas palavras de Henfil: 


" Se não houver frutos, 
    valeu a beleza das flores.


   Se não houver flores,
    valeu a sombra das folhas.


    Se não houver folhas, 
    valeu a intenção da semente" 

sábado, 23 de julho de 2011

Mãe, muito prazer...

Mãe,  estivemos juntas por tanto tempo e não conseguimos nos conhecer.
Escrevo à público para você,  pois eu nunca consegui interromper o grande desafio desta encarnação, desculpe pelas palavras que usarei, pois, serão dentro da filosofia espírita e apesar de você não aceitar sei que as compreende, desafio de estarmos juntas e nos compreendendo e nos aceitando.

Dos três filhos que te foram confiados, Sandra, Jane e Marcelo, eu fui a única que herdou todas as suas características físicas, sem dúvida que o nariz foi o nosso traço mais marcante não é? Mãe e minhas pernas ,  as formas são idênticas as suas!!

Mãe, acredito em uma unidade cósmica e na  coexistência de variados mundos, por isso te escrevo, pois sei que qualquer lugar que estiver, em manifestação, você poderá compartilhar comigo esse momento. Hoje, ainda compartilhamos o  mesmo planeta mas ainda não tive a melhor oportunidade de me apresentar a você, ou se tive, não vislumbrei o momento.



  Mãe, são tantas as coisas para dizer que vou selecionar os  temas e vou postá-los aos poucos. Ok?
  Um imenso "silêncio barulhento" nos colocou nesta posição, de uma vida inteira, de seleções e postagens. Mas, estou muito feliz de poder ter esta grande oportunidade!!


Mãe, (...). Sobre a morte


Mãe, comecei a dar os meus primeiros passos em direção a compreensão da morte, quando eu tinha 15 anos, e li pela primeira vez o livro espírita, de Francisco Xavier, O NOSSO LAR. ( indicação feita pelo meu pai ).
O conhecimento passado por este livro, me serviu como sustentação e alicerce para a minha caminhada,  nessa dimensão. Hoje, é tão mais fácil compreender todo o contexto espírita- cristão, mas, naquela época, falo de 30 anos atrás, foi uma grande aventura interior!!

Tenho uma característica, muito marcante em minha personalidade, e que você, ainda, não sabe; é a minha visão prática, objetiva e racional da realidade. Isso facilita muito, para os momentos onde  a sensação de limite e impotência permeia a nossa existência. Por isso, mãe, não me escondo atrás de crenças, de máscaras e de teologias. Tomo minha vida em minhas próprias mãos. Apesar de utilizar o conhecimento teológico Budista, espírita-cristão e outros afins como; confucionismo, taoismo para o meu aprimoramento.

"Na casa de meu Pai há várias moradas". Vivemos em uma das moradas, e é uma dimensão física. No nível dessa dimensão existe nascimento e morte. Podemos ver isso em tudo: no ciclo da vida de uma estrela, em uma flor , em um corpo físico etc. É necessário que as coisas acabem, para que coisas novas aconteçam, disse Eckhart Tolle.

É o fluxo da vida!!!  É a roda da vida ( samsara ) !!!  É o retorno ao mundo dos espíritos!!!

                                                       







                                             










quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ache a morte antes que ela ache você

 O título desta postagem talvez devesse merecer reflexões altamente filosóficas, mas me contento com a letra desta música tão perfeitamente antiga e atual, do querido Raul Seixas.

Uma atenção especial ao parágrafo  destacado (vermelho).
Eu sempre me identifiquei com a poesia desta música. Todas as vezes que a ouço, imagino uma multidão de pessoas preparando o cenário da vida , cenário este, muito importante para a apresentação do espetáculo. Mas cadê o espetáculo?

 Imaginemos  uma peça de teatro. Chegamos, nos acomodamos nas cadeiras e aguardamos com certa expectativa os artistas atuarem. Mas,   apesar do cenário se encontrar perfeito ele ainda esta sendo arrumado, mexido e remexido, o tempo passa e , alguns nem percebem, mas  o espetáculo não começa.

  Prepare o seu cenário, mas não permita que ele roube toda a sua atenção.   Sempre desejei ser uma "insatisfeita", como o Raul, pois, eu que não me sento no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar...  É assim que sempre percebi a vida, buscando não dar importância demasiada  ao meu cenário para não perder o meu espetáculo.

OURO DE TOLO ( RAUL SEIXAS)
Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...


domingo, 17 de julho de 2011

Religião na medida certa

É um atributo da sociedade, e ousaria dizer, da natureza humana, se é que tal entidade existe, encontrar consolo e refúgio na religião. O medo da morte, a dor da vida, precisam de Deus e da fé n'Ele, sejam quais forem suas manifestações, para que as pessoas sigam vivendo. De fato, fora de nós Deus tornar-se-ia um desabrigado. ( sociólogo Manuel Castells/2001)






Considero extremamente saudável a busca  espiritual através das religiões. Inúmeras são as opções para trilhar esse caminho; Budismo, Cristianismo, Taoismo, Hinduismo etc. A religião  é o conhecimento facilitador para uma possível transcendência ao que chamamos de Divino.

Mas, ao longo da história da humanidade principalmente no cristianismo, as interpretações da palavra do grande mentor espiritual, Jesus Cristo, foram direcionadas de acordo com a conveniência de cada época. O livro sagrado para os cristãos, é totalmente escrito por metáforas, podendo assim, o leitor fazer as interpretações que melhor lhe couber ou de acordo com seu contexto social e psicológico.

 Sendo assim, se você não sabe o contexto social e psicológico da pessoa que tem em mãos um  livro considerado sagrado, pretendendo utilizá-lo, todo cuidado é pouco pois, não é um livro qualquer... É UMA ARMA. UMA ARMA APONTADA PARA OS CORAÇÕES DOS FRACOS E OPRIMIDOS.

O filme "O livro de ELI"   mostra, com bastante clareza e ação, a luta pelo uso do poder das palavras  do livro sagrado. Vale a pena conferir!

 Não dê ao seu pastor, padre ou guru seja quem for, o direito sobre você. Utilizando-se das palavras do 'livro sagrado" ele tentará te conquistar.  Não deixe que ele lhe diga o que pensar ou como agir diante da vida. Lembre-se que os livros foram escritos e interpretados por homens.  Sempre que alguém tenta te convencer de algo, é porque o que está sendo dito ainda não está dentro de você, portanto ainda não te pertence. O caminho espiritual é solitário. Experienciar Deus é individual. A religião te mostra a "ponte", o resto é com você. 

Se  você acomodar-se dentro da religião, será como ficar parado em uma ponte que perderá a  finalidade maior,  que é a de transportá-lo de um lado a outro. E nessa parada, quando muito longa, pode ocorrer uma espécie de embriaguez religiosa, ou seja, um estado letárgico, uma acomodação e uma sensação de  estar fazendo "tudo certo" e completando a ideia do belo quadro social (como dizia Raul Seixas). Diante dessa falsa e boa sensação, não há crescimento, apenas ilusão.

Algum dia, torturado pela realidade exterior, desesperado por ter visto tudo e não ter encontrado nada, você, inevitavelmente se voltará para dentro.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Jardim é do Éden e Também de Piaget




Jean Piaget, (1896 - 1980) um dos maiores estudiosos sobre o desenvolvimento do pensamento infantil. Sua teoria explica o desenvolvimento mental do ser humano e identifica 4 estágios de evolução mental da criança.



infância é o período que vai desde o nascimento até aproximadamente o décimo-segundo ano de vida de uma pessoa. É um período de grande desenvolvimento físico. Mais do que isto, é um período onde o ser humano desenvolve-se psicologicamente, envolvendo graduais mudanças no comportamento  e na aquisição das bases da  personalidade.


 Digo que o jardim também é de Piaget, fazendo uma analogia com as seguintes ideias:


*A infância, tão bem pesquisada por Piaget, representa o jardim do Éden antes da Eva comer o fruto da árvore proibida, ou seja, na infância  não temos a noção de certos pudores, com isso a nudez fazia parte do contexto e Adão e Eva viviam em completa alegria com a natureza e os animais, comportamento bem adequado na fase infantil.


* A árvore era do conhecimento do bem e do mal e "no dia em que dela comeres, certamente morrerás"... "mas a serpente , mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito... disse à mulher:É certo que não morrereis."  A serpente representa o aviso, através das várias mudanças corporais e psicológicas que acometem os pré adolescentes anunciando o despertar de uma nova fase e o rompimento com a infância. O fruto representa o despertar de uma consciência e como o  amadurecimento chega primeiro para as  meninas (isso tem  a ver com o amadurecimento cerebral mais lento nos meninos), foi Eva quem teve que saborear primeiro do fruto proibido e chamar Adão para experimentar depois.


* Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência, pois a comunicação entre meninos e meninas, quase sempre, requer em uma "chamada" das meninas para os meninos se situarem na nova  realidade. Expressão usada por elas: " sem noção" 


* Eva comeu o fruto  para representar o rompimento com a infância,( o desabrochar!! ) daí a necessidade de se vestirem com as folhas da figueira; o pudor faz parte desta nova fase.


* Quando Deus diz: "... no dia em que dela comeres, certamente morrerás", representa a morte da infância e início da adolescência. A infância irá acabar!!


 Já passou da hora de compreendermos que a  interpretação desta metáfora, colocando a mulher como uma eterna traidora e culpada pelo pecado original, não passa de um conto da Carochinha. 


 Para reflexão: Como estaria a mulher, dentro do processo histórico, se esse conto da Carochinha não tivesse sido contado?  

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A importância da criação da mulher sob o enfoque bíblico

A religiosidade, é uma das dimensões mais marcantes e significativas da experiência humana cotidiana. Ela é, não se pode negar, fenômeno humano de decisiva centralidade e de complexidade incontornável.

 Infelizmente, não se pode negar a grande influência da metáfora bíblica (Adão e Eva) no desenvolvimento social e psicológico da mulher ao longo de toda a  história da humanidade. Eva aparece como extraída  de um osso de Adão.

Diz  Aristóteles: " A fêmea é fêmea em virtude de certa carência de qualidades, devemos considerar o caráter das mulheres como sofrendo de certa deficiência natural". E são Tomás, decreta que a mulher é um homem incompleto, um ser ocasional.  Grande Aristóteles!  É uma pena tal pensamento! Pensamento consequente  da simbologia  da Gênese...

A FORMAÇÃO DA MULHER:   "Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea."

"E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher"

O problema maior está nessa palavrinha vermelha, logo ali em cima: "auxiliadora".  Bom, eu não ouvi  Ele dizer isso... A saída da costela, até daria para entender, se levarmos em consideração, a atual "sacada" da física moderna onde a consciência observadora não pode ser separada dos fenômenos observados formando assim uma unidade (refletirei mais tarde sobre esse comentário), mas, auxiliadora? Acredito que para muitos homens que sofrem com complexo de inferioridade ou que duvida de sua virilidade,  esta simbologia ( como auxiliadora ) representa um remédio milagroso!!

Sendo assim, é claro, para nós "mulheres de Adão"; que a interpretação da Gênese, contribuiu muito para  nos fazer acreditar em uma segunda condição.

 Comentário de Simone de Beauvoir em seu livro O SEGUNDO SEXO: " A humanidade é masculina, e o homem define a mulher não em si, mas relativamente a ele; ela não é considerada um ser autônomo"

A primeira edição desse livro foi em 1949.  Simone nasceu em  9 de janeiro de 1908. Muitas coisas mudaram desde então.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Absurdos mitológicos

Alguém tem que fazer o "serviço sujo!" O PECADO ORIGINAL! A mulher foi a responsável pelo fracasso do homem... Isso segundo esse conto da "Carochinha" de Adão e Eva. Uma punição que as mulheres tem que pagar até hoje, e por uma Eva que nem existiu! Uma mitologia, um arquétipo.

A humanidade inteira não podia originar-se de um único casal. É um absurdo científico.

Certo dia , entrei em uma sala de aula com alunos do 6º ano e perguntei sobre a origem da vida, nem me passou pela cabeça  reflexões sobre Adão e Eva, mas para minha enorme surpresa, 90% da turma começou a afirmar existência do nobre Casal. Uau!!!!

Bom, como diz um ser humano muito querido para mim, esse é um "papo pra mais de dez chopps".

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Adão e Eva


Segundo a Bíblia  e o Alcorão , Adão e Eva foram o primeiro casal criado por Deus. Adão (do hebraico, solo vermelho ou do barro vermelho, quanto a adom, "vermelho", e dam "sangue") é considerado dentro da tradição judaico-cristã e islãmica como o primeiro ser humano, uma nova espécie criada diretamente por Deus. Teria sido criado a partir da terra à imagem e semelhança de Deus para domínio sobre a criação terrestre.
Tal como Adão, Eva também foi criada diretamente por Deus da costela de Adão. Algumas pessoas consideram que a palavra tsella foi erradamente traduzida por costela. O nome Eva deriva do hebraico que significa "vivente", e teria sido dado pelo próprio Adão.
Eva, e mais tarde Adão, teriam comido o fruto proibido da árvore da ciência (do "conhecimento do bem e do mal") criada por Deus, e após o ocorrido, de acordo com a tradição cristã toda a humanidade ficou privada da perfeição e da perspectiva de vida infindável. Surgiria para os cristãos aqui a noção de pecado herdado - tendência inata de pecar - e a necessidade de um resgate da humanidade condenada à morte. Após comerem do fruto proibido, Adão e Eva tiveram ciência de que andavam nus e, por isso, esconderam-se ao notar a presença de Deus no Jardim do Éden.Deus os expulsou do jardim do Éden, e os deu roupas de pele animal.
Adão e Eva foram pais de Caim, Abel, Sete, e mais outros filhos e filhas. Segundo Gênisis 5:5, Adão teria vivido 930 anos, alcançando até Lameque, pai de Noé, a oitava geração de sua descendência.

Ágora


    Nunca vivenciei um momento tão oportuno para usar essa expressão: "MULHERES NA ÁGORA", pois, ágora era a praça principal das cidades gregas, na antiguidade clássica. Era um local  público e comercial, onde o cidadão grego convivia com o outro e onde ocorriam as discussões políticas, era portanto, o espaço de pura cidadania. 



    Um espaço bem masculino, pois, as funções das mulheres gregas estabeleciam que elas deveriam se doar ao máximo a seus maridos e filhos e, dessa forma, abdicar quase que totalmente de seus interesses e vontades. Cuidar do lar, monitorar o crescimento de seus filhos e devotar integral fidelidade ao marido passava a ser a vida de qualquer mulher grega, exceto daquelas que viviam em Esparta.